terça-feira, 12 de novembro de 2013

Complexo de Édipo


O complexo de Édipo foi escrito por Freud a partir do mito. É a fase fálica que ocorre por volta dos 3 anos de idade. No menino há a fantasia que ele deseja ter a mãe apenas para si. E devido a este desejo, o pai se torna seu rival. Contudo, porque ele tem medo de perder o pênis (pois o pai tem um pênis maior do que o dele), ele abandona a mãe na esperança de no futuro encontrar uma substituta para a mesma. Com a menina, o complexo de Édipo se dá da seguinte maneira: quando ela percebe que não tem um pênis, ela vai em busca de um. O mais disponível é o do pai. A partir do desejo de possuir o pênis do pai, a menina sofre ameaças da mãe. Todavia, como ela já não tem pênis, ela não teme a figura materna. Então ela espera que o pai lhe dê um pênis; e cabe ao pai fazer a recusa de forma que ela entenda que ele não está disponível para ela e então arrume um substituto para o pai. O desejo de obter o elemento do sexo oposto e, ao mesmo tempo, a vontade de livrar-se do rival do mesmo sexo gera sensações ambivalentes de amor e ódio. (Wally Martins)


Gestalt

Em um conhecido soneto, o poeta barroco Gregório de Matos afirma que
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.
Teorizando (e deleitando-se) com o típico jogo de ideias da estética barroca, o poeta baiano postula que o todo depende das suas diversas partes, enquanto cada parte, já que necessária para a constituição do todo, é, individualmente, um todo. Num raciocínio cerrado, o texto atrela o todo às partes e sugere a possibilidade do conhecimento do todo pelas suas partes. Estamos em pleno século XVII, a Escolástica foi reativada, Deus é a Razão explicativa de todas as coisas, a totalidade do mundo. E quem colocar o dogma em questão pode virar petisco na fogueira da Inquisição. Freud, a Psicologia e as divergências entre tantas teorias ainda não haviam surgido.
O pensamento tradicional baseava-se na tese de que a Psicologia teria por objeto a identificação de todos os tipos de sensações e sua descrição para, a partir daí, explicar como se organizam os complexos que formam os fenômenos psicológicos. A tese mais aceita era a de que as associações se estabeleciam por contiguidade das sensações e se reforçariam pelas repetições.
Essa doutrina, no entanto, começou a ser contestada quanto à sua exatidão. Foi nesse contexto que, por volta de 1890, em um estudo pioneiro do psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, surgiu a teoria da GESTALT, que reagia contra o elementarismo associacionista dos filósosfos empíricos Locke, Berckeley e Hume.
GESTALT é um termo de origem alemã, sem correspondência exata em Português, formado a partir do substantivo feminino gestalt, que significa, etimologicamente, “figura (humana), forma, configuração”. Encerra o sentido do que se dá ao olhar, aquilo que é colocado diante dos olhos, “uma entidade concreta e individual que existe como algo destacado e que tem uma forma ou configuração como um de seus atributos”.
Ehrenfels demonstrou, por meio de seus estudos, que uma forma é mais que a mera soma de suas partes.
Ou seja, a soma de A com B não resulta em A+B, mas sim em C, que é algo mais que a somatória das duas partes.
Agora observe as imagens,,,


O que você consegue ver nessas imagens??
Disponivel em: http://cpv.com.br/blog/index.php/gestalt/#sthash.HoH5wlTh.dpuf

sábado, 26 de outubro de 2013

Esclarecendo Mitos sobre o Behaviorismo

O Behaviorismo foi uma ciência criada no início do século XX, por John B. Watson, o qual, inicialmente, era chamado de Behaviorismo Metodológico, devido ao seu foco nos métodos científicos. Matos (1995) conta que para os behavioristas metodológicos, a “observação” passou a ser um termo e uma operação fundamental, definindo assim, o “comportamento” como seu principal objeto de estudo. Para ser observável, o comportamento deveria ser acessível aos sentidos de todos, caracterizando uma verdade por consenso, e, para que todos concordassem com o que estivessem vendo, era necessário um treino rigoroso nos procedimentos de análise e registro.
Ao se manifestar contra a tão disseminada filosofia mentalista, a qual concedia poderes controladores do comportamento a algo externo ao corpo, como mente, consciência, alma e afins, Watson formulou uma teoria tão dualista quanto aquela (Matos, 1995). Influenciado por Pavlov, o autor reconheceu que o comportamento respondia ao ambiente, e por isso, era apenas uma resposta a estímulos ambientais antecedentes, ou seja, o agente controlador permanecia externo ao corpo. O ambiente era capaz de alterar o indivíduo biologicamente, e essa alteração seria, portanto, o comportamento. Sendo assim, os eventos internos foram abandonados ou ignorados por não poderem ser observados por consenso. A principal manipulação experimental de Watson era a reprodução do modelo  R (estímulo – resposta), a qual posteriormente foi motivo de críticas por sua pobreza explicativa do fenômeno comportamental. Além de muito criticado, o Behaviorismo Metodológico foi por muito tempo conhecido como a “psicologia do outro”, uma vez que priorizava o consenso perceptivo de duas ou mais pessoas (Skinner, 1974).  
Devido a esse histórico, ainda hoje, muitos mitos permanecem sobre a ciência behaviorista no meio acadêmico, sendo apontada como uma visão mecanicista do ser humano, fria e simplista. Esse estereótipo está presente no filme Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, 1971), por exemplo, o qual apresenta a ciência comportamental como mero emparelhamento de estímulos.
O Behaviorismo Radical
Os novos nomes que surgiram para se contrapor ao Behaviorismo Metodológico tinham alguns princípios em comum, como por exemplo, (a) todos partiam do princípio evolucionista da continuidade entre as espécies e (b) aaprendizagem era um fator essencial à compreensão do comportamento. Esse novo grupo de pesquisadores com ideias inovadoras foram chamados de neobehavioristas. Embora compartilhassem certas perspectivas, o foco nas pesquisas em como a aprendizagem se processava foi o ponto principal em que os neobehavioristas discordaram, não permitindo, portanto, uma unificação de ideias (Goodman, 2005).
Entre os neobehavioristas responsáveis por trazer inovações ao Behaviorismo de Watson estão: Edward Tolman (1886-1959), que deu forma empírica para processos não observáveis com a criação do Behaviorismo Intencional; Clark Hull (1884-1952), afirmou que todos os comportamentos possuíam propriedades mecânicas e quantificáveis; Edwin Ray Guthrie (1886-1959) propôs uma teoria da aprendizagem menos complexa ao considerar que os movimentos são aprendidos por associação simples de estímulo e resposta e, finalmente, Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) trazendo a ideia de que todo comportamento é passível de contingências de reforço, além de aplicar dados de laboratório a demandas reais da psicologia (Schultz e Schultz, 1992).
Skinner foi considerado por muito tempo, o mais influente psicólogo de sua geração. Seu trabalho na pesquisa científica do comportamento humano foi considerado a renovação dos pressupostos de Watson. O autor inovou os conceitos behavioristas por descartar especulações sobre o que acontece dentro do organismo humano referentes a entidades internas como variáveis intervenientes ou processos unicamente fisiológicos (Schultz e Schultz, 1992). 



Segundo Skinner (1953) o comportamento dos organismos é um objeto de estudo concreto, objetivo e passível de acessibilidade para as pessoas, mas sua complexidade o torna uma matéria extremamente difícil. Pelo fato de ser um processo e não uma “coisa”, não pode ser imobilizado e estudado minuciosamente. No entanto, essa complexidade não significa que seja um objeto de estudo insolúvel, é preciso, portanto, certo grau de criatividade e engenhosidade de cientistas comprometidos com seu trabalho.
As inovações do Behaviorismo Radical consistiram em introduzir um novo sistema, no qual explicações comportamentais que seguiam a tradição de “causa e efeito” são substituídas por descrições de relações funcionais entre ambiente e comportamento (Skinner, 1953). O autor enfatiza que o comportamento dos organismos não é apenas influenciado por estímulos ambientais antecedentes, mas também pelos eventos consequentes. Sendo assim, Skinner introduz o conceito do paradigma operante, um dos principais diferenciais em sua teoria. O paradigma operante enfatiza a importância das consequências na modelagem dos comportamentos animais, sendo assim, segue o modelo da tríplice contingência S – R  S (estímulo antecedente – resposta – estímulo consequente). Dessa forma, Skinner abandona por completo a noção de causalidade mecanicista. Portanto, a premissa principal de um behaviorista radical seria a de que o comportamento do indivíduo é capaz de produzir mudanças em seu ambiente, e o ambiente, por sua vez, pode alterar a forma com que o indivíduo se comporta.
A introdução do paradigma operante modificou antigos conceitos sobre a aprendizagem, trazidos pelo Behaviorismo Metodológico, e trouxe uma nova perspectiva sobre as culturas humanas. Ou seja, Skinner (1981) enfatizou o papel dos eventos conseqüentes no âmbito ontogenético e cultural em sua teoria chamada seleção por consequências. Influenciado pela teoria da evolução de Darwin, Skinner sugere uma analogia da seleção natural das espécies com o processo de aprendizagem comportamental dos indivíduos. Assim, da mesma forma que características genotípicas são passadas para gerações futuras no processo de evolução dos animais, os comportamentos “mais adaptativos” podem ser selecionados a despeito de outros “menos adaptativos” através do processo de reforçamento e passados para gerações futuras pelo processo da linguagem(Skinner, 1981). A história ontogenética e cultural do sujeito tornaram-se, segundo a nova teoria, elementos fundamentais para a aquisição do repertório comportamental humano.
Outra contribuição advinda do paradigma operante foi a introdução de um novo conceito de comportamento verbal. Segundo Skinner (1957) esse tipo de comportamento também está sujeito à modelagem por consequências e é definido pelas mesmas leis comportamentais que definem outros tipos de comportamento. Portanto, o comportamento verbal também pode ser caracterizado como um comportamento operante. O que de fato diferencia o ser humano do animal não-humano é o potencial vocal desenvolvido ao longo de sua história filogenética, o qual foi selecionado de forma diferente dos outros animais e que possibilita a emissão de sons mais complexos. Mas, de qualquer forma, os treinos ontogenético e cultural se fazem necessários para o estabelecimento desse tipo de repertório (Skinner, 1957).  
Certamente, a sofisticação da comunicação humana possibilitou o relato verbal de eventos internos, quebrando uma barreira entre privado e público. O autor afirma que estados internos são eventos extremamente importantes para o campo da psicologia e que seria loucura ignorá-los, como foi feito no Behaviorismo Metodológico, apenas pelo fato de duas ou mais pessoas não poderem acessá-los. O autor afirma também que os eventos internos, como o pensamento e o sentimento, também estão sujeitos a estimulação ambiental e se caracterizam também como comportamentos (Skinner, 1974).
Dessa forma, os behavioristas radicais rejeitaram por completo o dualismo entre mundo interior e exterior, bem como explicações confusas do comportamento. Segundo Baum (1994), para os behavioristas radicais, a definição do comportamento consiste em “todos os eventos sobre os quais podemos falar com nossos termos inventados.” (p. 45).  Para o autor, “descrições pragmáticas do comportamento incluem seus fins e o contexto no qual ocorre. Para o behaviorista radical, termos descritivos tanto explicam quanto definem o que é comportamento.” (p. 46). O trabalho desses profissionais na prática inclui-se em outra categoria dessa ciência, que se chama Análise do Comportamento (Schultz e Scultz, 1992).
Referências Bibliográficas

Baum, W. M. (1999). Compreender o Behaviorismo: Ciência, Comportamento e Cultura. Porto Alegre. Ed: Artmed.
Goodman, C. J. (2005). História da Psicologia Moderna. São Paulo. Ed: Cultrix.
Matos, M. A. (1995). Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical. In: Rangé, B. Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas: Editorial Psy.
Skinner, B. F. (1953). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes.
Skinner, B. F., (1957). O Comportamento Verbal.São Paulo. Ed: Cultrix.
Skinner, B. F. (1974). Sobre o behaviorismoSão Paulo: Ed. Cultrix.        
Skinner, B. F. (1981). Selection by consequences. Science, 213, 501-514.
Schultz, D. P. & Schultz, S. E. (2001). História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix.

Por: Maíra Matos Costa

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Como lidar com a agressividade da criança?

Crianças agressivas… você, no seu trabalho na Educação, Saúde ou Promoção Social, já deve ter se deparado com pequenos que se mostram muito irritados e pouco amistosos. Mas, por que isso acontece? De que forma a sua postura pode impor limites? Como ajudar os pais a agirem de uma maneira que evite esse tipo de comportamento dos filhos? Trazemos aqui algumas dicas para dar pistas e respostas a estas e outras perguntas. Confira.
Xingar, chutar, bater… talvez essas atitudes da criança pequena sejam a maneira que ela encontrou de expressar suas angústias e seus medos. Podem também refletir a falta de firmeza dos pais na definição e manutenção de regras ou, ainda, denotar exemplos que a criança tem em casa – de que as coisas se resolvem “no grito”. Seja qual for o motivo, o primeiro passo é tentar diagnosticar a raiz do problema para mostrar à criança que ela pode usar de outros meios para conquistar o que quer.
Especialistas orientam que, numa crise de agressividade, os adultos não devem atender aos desejos dos pequenos para não reforçar a ideia de que é pela agressão que se consegue alguma coisa.
Se for detectado que o problema é a falta de limites, então está na hora de começar a estabelecê-los antes que seja bem mais difícil. Uma criança sem limitenão tem parâmetros. Por exemplo: ela quer passear, mas é contrariada porque os pais dizem que terão de arrumar a casa antes. Ela se joga no chão e grita. Os pais continuam afirmando que ela terá de esperar e aí ela agride o irmão mais novo… se os pais (ou qualquer adulto que conviva com a criança) não tomam uma atitude firme diante da agressividade do filho, a criança pode deduzir que para alcançar qualquer resultado vale bater no irmão e reproduzir esse comportamento na escola, com os colegas.
Estresse também tem tudo para gerar agressividade, desde luto à chegada de um irmãozinho. Neste caso, vale conversas e muito afeto para entender e acolher a dor e o medo da criança, que precisa se sentir entendida e amada, independentemente da situação.
falta de atenção é outra situação que gera um comportamento mais agressivo, muitas vezes. A criança precisa de afeto, de interação, de troca. Se ela sente que isso lhe falta, pode usar a agressividade para chamar o olhar do adulto. Uma sugestão é criar situações que a ajudem a preencher esse vazio. Na escola, comatividades focadas em valorizar a participação da criança. Em casa, commomentos especiais, na hora das refeições, antes de dormir e assim por diante.
Que tal contar pra gente a sua experiência? Como você lida com essa agressividade no dia a dia de seu trabalho?
Fonte: http://www.desenvolvimento-infantil.blog.br/como-lidar-com-a-agressividade-da-crianca/

Brincar com textos: uma ótima atividade para crianças pequenas


Você que trabalha na Educação Infantil sabe que muitas atividades podem colaborar efetivamente para o desenvolvimento da criança pequena. Mas, você sabia da importância dos textos no aprendizado de crianças a partir dos três anos?

Se você, educador, que contribuir na alfabetização das crianças pequenas, a partir de três anos, é importante que inclua na sua proposta pedagógica a utilização de exercícios com letras e números.
Essa prática, conhecida como letramento, já ganhou espaço nas escolas particulares, mas ainda não é uma rotina nas creches públicas, quando as atividades muitas vezes se resumem ao cuidado e às brincadeiras sem intenção didática.
A ideia, no entanto, não é fazer da creche uma escola. O que os especialistas defendem é a importância de colocar essas crianças em contato com textos, números, letras e conceitos como preparação para a alfabetização.
Dessa forma é possível que a criança chegue ao final do terceiro ano do Ensino Fundamental com suas habilidades de leitura, escrita e comunicação oral mais estruturadas.
Alguns educadores refutam a ideia, alegando que esse tipo de encaminhamento pode “escolarizar” a educação infantil. Outros, favoráveis ao letramento, afirmam que a postura discordante só aumenta a desigualdade, reduzindo as chances dos alunos de escola pública.
Polêmicas à parte, o que já sabemos é que a criança nasce inserida no mundo da escrita. O que faz diferença é a forma de trabalhar os textos, sem a intenção de alfabetizá-la.
A ideia é simples. O educador pode apresentar as letras e os números à criança de forma diferente. Mostrar uma mochila pequena e uma grande, comparando-as, ajuda no entendimento dos conceitos do sistema métrico. Juntar e contar dez lápis de cor trabalham noções de dezenas, e assim por diante.
Outra estratégia é ler diferentes tipos de textos, como livros, cartas e jornais, que façam parte do universo da criança, nas suas famílias, possibilita um trabalho contextualizado e com mais significado.
A iniciativa pode realmente contribuir ao letramento da criança pequena, mas, o que se sabe é que uma parte dos professores da Educação Infantil não tem conhecimento didático para inseri-la nessa etapa da aprendizagem. O Censo Escolar de 2012 apontou que 35% dos educadores infantis têm apenas Ensino Médio. Ou seja, falta capacitação.
E você, o que acha do letramento na Educação Infantil? É uma prática que você adota com seus pequenos? Compartilhe conosco a sua opinião para que possamos refletir mais a respeito.
Para saber mais sobre o tema, acesse o site do Todos pela Educação.

O lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras na construção do processo de aprendizagem na educação infantil.

Vamos fazer um mini curso sobre o brincar no processo de aprendizagem.




























domingo, 22 de setembro de 2013

Do que brincar em cada etapa do desenvolvimento infantil?


Brincar é o jeito de a criança entender e se integrar ao mundo. É também um componente essencial à formação da atividade intelectual dos pequenos. Por isso, como profissional da educação, da saúde ou da promoção social, seu papel é mostrar aos pais a importância de eles oferecerem oportunidades de qualidade para que seus filhos brinquem, descubram-se, descubram o outro e sintam-se felizes.
A matéria ‘As melhores brincadeiras para cada fase do bebê’ de Vanessa de Sá, publicada recentemente no site Bebê.com.br, traz informações importantes sobre o tema brincar, que vamos compartilhar com você para que possa aplicar no seu dia a dia profissional, seja com os pais, seja com os bebês que estão aos seus cuidados.
Na reportagem, o pediatra Jack P. Shonkof, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard (EUA) explica o seguinte:
“O cérebro se desenvolve desde o nascimento até a vida adulta. Os genes fornecem o projeto básico para esse progresso, mas as experiências dos primeiros anos de vida afetam o modo como ele é colocado em ação. Se elas são positivas, felizes, a arquitetura do cérebro da criança constrói uma fundação forte para o aprendizado, o comportamento e a saúde. A brincadeira é uma dessas experiências basilares, e os bebês já são capazes de reconhecê-la poucos dias depois do nascimento”.
As interações que os pequenos têm com os adultos, especialmente com os pais, são muito importantes, como já sabemos. Os bebês menores vão responder aos estímulos usando sons, expressões faciais e sorrisos.
Nos primeiros meses de vida, gestos simples já dizem muito para a criança e são formas de brincar com ela, como o toque nos seus pezinhos e o aperto, com carinho, dos dedos das mãos.
No entanto, o segredo de tudo, segundo outro entrevistado pela repórter, Mauro Luís Vieira, criador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Infantil (NEPeDI), da Universidade Federal de Santa Catarina, “não é o conteúdo da fala que tem relevância, mas os atos que partem dos pais e que dão importância ao bebê e reafirmam que ele faz parte do ambiente. Isso é essencial”.
Veja algumas dicas de brincadeiras para cada fase do desenvolvimento da criança.
0 a 4 meses – hora de aguçar os sentidos: fazer carinho, massagem, segurar o bebê e dançar juntinhos, cantar, fazendo vozes diferentes, acrescentando o nome do bebê na música. Como até os três ou quatro meses de vida a visão do bebê é embaçada, o contato com objetos e pessoas deve acontecer, no máximo, à distância de um palmo de mão. No primeiro mês de vida, a criança consegue dirigir os olhos para o objeto que chama sua atenção. Aos dois meses, ela segue um objeto na horizontal e, aos três meses, na vertical. Para distâncias maiores, estimule a criança com sons (bater palmas, balançar chocalhos etc.). Outra brincadeira que os bebês adoram é balançar uma fralda ou um lenço macio na frente deles, roçando a cabeça.

4 a 8 meses – Nessa fase, quando estimulado, o bebê fica excitado e com a respiração acelerada. Ele vai adorar caretas, olhar objetos que somem e aparecem de repente. Vale lembrar que até os três meses, os movimentos da criança são involuntários. Depois dos quatro meses isso muda. É importante, então, estimulá-lo a pegar objetos, que podem ter texturas diferentes e agradáveis, produzam sons. Os bebês também gostam de fantoches e você pode brincar com eles, contando histórias. Com pouco mais de quatro meses, a criança já consegue focalizar melhor objetos distantes e levá-los à boca. Escolha objetos grandes, que não possam ser engolidos, macios, laváveis e que não soltem pedaços. Entre seis e oito meses, a maioria dos bebês já senta sozinha. Cantar, bater palmas e movimentar o corpo para eles é uma diversão. Outra brincadeira é jogar uma bola pequena, leve, de plástico ou tecido, na direção do bebê. Aos poucos, ele vai aprender a jogar de volta. Nessa fase, já é possível das aos bebês objetos maiores para que os manuseiem, como blocos para que possam batê-los um contra o outro e segurá-los um em cada mão. Aos poucos, o pequeno se dará conta de que, se deixar cair um deles no chão, poderá transferir de uma mão para a outra o que restou. Outra dica é deixar brinquedos cada vez mais afastados da criança para estimulá-la a ir em direção a eles engatinhando. Comemore quando ele conseguir.
8 a 12 meses – É importante estimular o desenvolvimento motor (ficar de pé, empurrar e tentar subir). Entre nove de doze meses a criança começa a dar os primeiros passos. É também a fase em que ela começa a fazer vinculação entre as coisas. Brincadeiras como empilhar blocos, encaixar peças simples, explorar uma caixa de sapato, mexer com potes com água, para esvaziá-los até que alguém os encha novamente. Ela também adora imitar os sons que os animais fazem.

12 a 18 meses – Os bebês já conseguem folhear livros de tecido e usar papel e giz de cera atóxico. Vale estimulá-los a rabiscar para que trabalhem a coordenação motora. Peças de encaixe mais complexo e blocos de montar também agradam crianças nessa faixa etária, assim como explorar objetos do dia a dia.

12 a 24 meses – É a fase do mundo da fantasia, quando a criança começa a representar conceitos nela e no outro e a brincar simbolicamente, levando a boneca para passear, fazendo-a dormir, por exemplo. Também adoram brincar com bola, por isso vale estimulá-los a chutar ao gol, para que aperfeiçoem a coordenação motora. Outras atividades que adoram nessa fase, e que são importantes ao seu desenvolvimento: explorar cores e tamanhos dos objetos, brincar com instrumentos musicais, brincar ao ar livre, como em caixas de areia ou mesmo com brinquedos infláveis, puxar e empurrar objetos.

sábado, 21 de setembro de 2013

Pediatras alertam: andadores prejudicam o desenvolvimento do bebê


No mês de janeiro de 2013, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que reúne dezesseis mil profissionais de todo o país, lançou uma campanha desaconselhando o uso de andadores. O argumento é que podem causar acidentes e, ainda, atrasar o desenvolvimento motor dos bebês.
Muitos pais acreditam que seus filhos adquirem mais independência a bordo do aparelho. No entanto, segundo especialistas, os pequenos ainda não têm maturidade física e emocional para administrar tanta liberdade.
Pesquisas indicam que cerca de 60% a 90% das crianças entre seis e quinze meses de idade utilizam o acessório sofrendo riscos como queimaduras, causadas por tomadas e panelas, intoxicações, afogamentos e quedas.
Segundo dados da Academia Americana de Pediatria, anualmente são apontados dez atendimentos de emergência para cada mil crianças com menos de um ano de idade, provocados por acidentes com andador. Um terço dos casos envolve lesões graves, como fraturas ou traumas.
Existe também outra questão: nessa fase da vida, o peso da cabeça do bebê é desproporcional se comparado ao resto do corpo, fazendo-o pender para frente, uma postura potencializada pelo andador.
Motivos é que não faltam para pais, mães e cuidadores repensarem a utilização do acessório: ele pode, também, comprometer o estímulo de alguns músculos, atrasando ações naturais nessa idade, como ficar em pé e caminhar sem apoio. Por conta da maior mobilidade, a criança também gasta menos energia.
Em entrevista concedida ao repórter Jairo Marques, da Folha de SPaulo, em 21 de janeiro de 2013, o pediatra Danilo Blank, do Departamento Científico da SBP, explica o objetivo da campanha: “O intuito é acabar com a recomendação do uso do andador. Acabar com a fabricação, só o Canadá conseguiu. O médico é uma autoridade de saúde dentro da família e pode conscientizar sobre esse utensílio que não tem vantagem nenhuma e leva risco para dentro de casa”.
Nota Pública Contra a Fabricação e Venda do Andador Infantil
As instituições abaixo assinadas vêm por meio desta tornar público o seu posicionamento pela proibição da fabricação e venda de todos os tipos de andador infantil no Brasil. O andador é um produto que mantém a criança sustentada em um assento dentro de um círculo dotado de rodas; costuma ser utilizado com a intenção errônea de que possa auxiliar bebês no aprendizado de andar.
Porém, na verdade impede a exploração livre do espaço, faz com que os bebês recebam menos estímulos de seus pais e pode prejudicar o desenvolvimento motor e cognitivo.
O mais preocupante mesmo são os acidentes. Os bebês estão mais suscetíveis a quedas e tombamentos em escadas e pequenos degraus e chegam mais rápido aos itens de risco como fogões, tomadas, produtos químicos etc.
No andador, os bebês tem uma velocidade de 1 metro por segundo, fazendo com que, muitas vezes, os pais e cuidadores não consigam proteger a criança. Bebês que usam andadores são mais propensos aos seguintes eventos traumáticos:
• rolar escada abaixo ocasionando traumas de crânio bem como fraturas;
• sofrer queimaduras por atingirem alturas maiores no andador, facilitando ações como puxar panelas e toalhas de mesa, alcançar o forno e aquecedores;
• afogar-se ao cair em piscinas, dentro de um balde ou banheira;
• intoxicar-se, alcançando com mais facilidade produtos químicos.
Por estes motivos, em janeiro deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou a todos os pediatras e à imprensa o pedido de banimento dos andadores.
Enquanto isso, comunidades brasileiras preocupadas com a segurança e a saúde infantil começam a se mobilizar. O Ministério Público do Rio Grande do Sul, desde 2009, recomenda a não utilização de andadores nos órgãos públicos. A cidade de Passo Fundo (RS) proibiu em 2013 o uso de andadores nos hospitais, escolas e creches públicas.
Também existe um o PL 4926/2013 – que proíbe a fabricação, venda e utilização de andador infantil em todo o território nacional, de autoria do Deputado Jorginho Mello. O projeto aguarda designação de relator na Comissão de Seguridade Social e Família.
No banco de relatos de acidentes de consumo do Inmetro foram registrados seis casos graves de acidentes com crianças. O Inmetro também estudou os dados de acidentes envolvendo o andador em outros países:
O sistema europeu de alerta sobre produtos perigosos registra quase uma centena de andadores classificados como “risco grave” entre 2010 e 2013 em diversos países da Europa.
Portugal notificou 15 mil casos de 1997 a 2002. No País de Gales, foram 7.833 registros entre 2000 e 2002, no banco de dados da Royal Society for the Prevention of Accidents.
Na Suécia, foram 25 acidentes registrados por ano até 2002, quando se regulamentou o produto. Apesar de os números terem caído pela metade após este processo, a regulamentação foi criticada e sofreu alterações em 2013.
Na Letônia, aproximadamente 300 crianças são atendidas nas emergências por conta de andadores. Grande parte delas por queda envolvendo escadas.
Na Austrália, O CPSC (Consumer Product Safety Commission) registrou 979 casos de acidentes envolvendo o produto apenas no ano de 2011.
A American Academy of Pediatrics aponta dados de mais de vinte mil lesões causadas por andadores em 1995 e 8,8 mil em 1999. O produto foi regulamentado em 2010, com base na norma editada em 1997.
Em 2007, a comercialização do produto foi proibida no Canadá.
No Brasil, testes realizados pelo Inmetro e divulgados em agosto deste ano mostraram que as dez marcas analisadas foram reprovadas. Para análise, foi usada como referência a norma EN 1273:2005 – Child use and care articles – Baby walking frames – Safety requirements and test methods. Após esse teste e discussão em painel setorial sobre o assunto, o Inmetro divulgou que será feita uma norma brasileira para a certificação compulsória do produto.
Entretanto, há evidências de que a simples certificação não é suficiente. A Agência do Consumidor Sueca (2008) mostrou que depois da certificação compulsória 50% dos andadores falharam e não ocorreu redução dos acidentes e lesões com os bebês.
Sendo assim, os órgãos de proteção ao consumidor da Europa e Estados Unidos ainda pedem o banimento e fazem campanha contra o andador.
As crianças brasileiras também merecem a máxima proteção e, sendo o andador um produto desnecessário e perigoso, não pode ser comercializado no país. A comercialização deste produto fere o Código Brasileiro do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, em seus artigos 4o, 6o, 8o, 9o e 10o, além dos artigos 4o e 7o do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069, de 13 de julho de 1990.
Por estarmos de acordo, firmamos o presente.
AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente; Agere – Assessoria em Advocacy; Aliança Pela Infância; Associação Comunitária Monte Azul; Avante – Educação e Mobilização Social; CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular; CRIANÇA SEGURA Safe Kids Brasil; Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal; IFAN – Instituto da Infância; Instituto Fazendo História; Laboratório de Análise e Prevenção à Violência; PROTESTE – Associação de Consumidores; Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica; Sociedade Brasileira de Pediatria; Sociedade Brasileira de Queimaduras; Textos & Ideias Consultoria e Comunicação.































































































Acesse o site www.conversandocomopediatra.com.br, da SBP, e esclareça suas dúvidas.
Confira também a matéria completa da Folha de São Paulo, e veja no infográfico ao lado da Folha de São Paulo os perigos do andador no dia a dia da criança.